segunda-feira, 23 de março de 2015

Rebeldia instalada e assumida

Não posso atribuir ao meu pai a culpa dos meus erros. Sua educação repressora e ditatória contribuíram para que eu escolhesse um caminho diferente daquele em que estava, mas minhas escolhas também se basearam na necessidade de fugir dos problemas e pressões vindas de outros lugares, de outras pessoas. Minhas decisões estavam sendo tomadas justamente para mudar o rumo da minha vida, mudar a minha história. Estava tentando resolver tudo "by myself".

Eu tinha um discurso. Uma frase pronta pra quem quisesse me confrontar. A frase era:

- Prefiro ficar louca usando anfetaminas e tomando cerveja do que cheirando cocaína e injetando heroína. Pelo menos assim eu não me vicio.

Triste ilusão. Já estava viciada e continuava me enganando.

Não sei se as pessoas acreditavam nas minhas convincentes palavras, mas eu continuava usando-as com propriedade.

Enquanto meus amigos fumavam maconha diariamente e faziam uso de substâncias alucinógenas, eu os acompanhava na loucura com a consciência totalmente limpa, afinal, anfetamina não era droga. Nem cerveja. Ninguém tinha com o que me condenar. Eu estava com a ficha limpa, minhas alucinações, meus acessos de raiva, minhas loucuras e meus medos eram totalmente explicáveis! Era só ler a bula do medicamento e qualquer um encontraria vários efeitos colaterais que eu havia apresentando em meu dia-a-dia. Encontraria também a frase "este medicamento não deve ser ingerido com álcool", mas ora bolas, só uma cervejinha aqui e ali não era pecado.

É incrível como o ser humano se sabota.
Eu só queria ser livre e poder viver do meu jeito. Só queria me divertir e viver a vida de maneira leve, sem preocupações ou problemas absurdos latejando em minha mente. Só queria continuar emagrecendo cada vez mais para ter uma vida normal.

Mas o que fiz foi prender a minha vida em outra jaula. Tornei-me escrava de outras coisas.


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