domingo, 15 de maio de 2016

Em busca de respostas

As dores nas pernas continuavam firmes e fortes. Conforme indicação do ortopedista, marquei consulta com uma reumatologista do meu plano de saúde, mas tal consulta seria só depois de alguns meses. Como não queria esperar por tanto tempo, fui a outra reumato pagando uma consulta particular.


Chegando à clínica fui muito bem recebida. Na sala de espera havia chás variados, cafés, bolachas, ar condicionado, tv, revistas atuais e funcionárias extremamente atenciosas. Porém, ao entrar na sala da médica, logo fui recebida por um olhar acusador. Estranhei muito, afinal, jamais havíamos nos visto. Ela percorreu o meu corpo de cima a baixo com os seus olhos, olhou fixamente para as minhas unhas que estavam com esmalte azul, olhou para o meu rosto e disse: "Sente-se. O que está acontecendo com você?".

Para não ser levada pela minha primeira impressão, comecei a relatar tudo como se estivesse sendo ouvida pela pessoa mais dócil do mundo. Depois de falar meu caso com detalhes, inclusive a opinião do ortopedista a respeito de uma possível fibromialgia, o que ouvi foi o seguinte:

- Você está com stress e vai precisar emagrecer muito se quiser alguma melhora no seu quadro, já vou adiantando. Como o seu corpo vai aguentar tanto peso assim? E a fibromialgia, nem vamos falar disso. Vamos fazer uma série de exames de sangue, mas essa dor não tem cara de nada grave.

Eu havia ouvido falar que a falta de vitamina D causa muitas dores, então perguntei se ela pediria este exame também. Ouvi um sonoro e mau humorado "Vou pedir aquilo que eu achar necessário". Sem me examinar, entregou o pedido dos exames, se levantou, abriu a porta e me disse "passe bem".

Saí daquele sala pra nunca mais voltar.


Esperei por alguns meses e então fui à reumatologista do meu plano. Que diferença! Uma médica atenciosa, que me ouviu olhando em meus olhos, que me explicou várias possibilidades de diagnóstico para o meu quadro e que disse que há muitas pessoas magras que sentem dores como as minhas. Não taxou o meu problema como "coisa de gente gorda". Me pediu uma série grande de exames de sangue, vasculhando tudo. Inclusive o tal exame de vitamina D.

Enquanto ela me examinava, tocando vários pontos de meu corpo, eu gritava várias vezes. Sentia muita dor! Então ela me disse: dos 18 pontos da fibromialgia, você sente dor em todos. Você está toda inflamada. Mas você só será diagnosticada com essa doença depois que todas as outras forem descartadas.

Entre fazer os exames e ir ao retorno, passaram-se quase dois meses. Ao olhar para o resultado, ela constatou que eu estava com falta de vitamina D, mas não num nível que me trouxesse tantas dores. Todos os outros exames estavam estáveis. Então, pegando minha ressonância da coluna e a eletroneuromiografia, ela disse:

- Você não tem problema algum relacionado à reumatologia. Seu problema é mecânico, uma disfunção relacionada à coluna. Observando a ressonância e a eletroneuromiografia, vemos que você está com artrose nas vértebras. Esta artrose está fazendo com que suas vértebras se aproximem e prendam o seu nervo ciático, por isso você sente tantas dores assim. Vamos tratar disso e você vai ficar boa! Você tomará alguns medicamentos para dor, inflamação e também para fazer sua cartilagem aumentar. Isso afastará as suas vértebras e soltará o seu nervo, trazendo alívio e vida normal. Mas você terá que ter paciência, esse tratamento costuma durar em torno de dois anos.

Sorri, feliz por saber que havia um diagnóstico. Eu não estava com "dores psicológicas", como alguns estavam pensando. Não estava com problema "por estar muito gorda". Havia uma explicação! Mesmo o preço altíssimo dos medicamentos e o tempo que eu teria que esperar para ver alguma melhora não tiraram minha esperança. Eu iria lutar, bravamente, mais uma vez.

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