quinta-feira, 26 de março de 2015

O renascimento

A minha situação era a seguinte: eu estava com pouco mais de 19 anos, passando pelo momento mais difícil de minha vida. Nunca estive tão magra, mas o peso já não tinha a menor importância pra mim. Eu queria a minha vida de volta.

Este blog tem sido escrito pra que eu compartilhe minhas dificuldades em relação ao peso e algumas mudanças que pretendo realizar na área da saúde. Mas não posso simplesmente deixar de contar uma das coisas mais importantes que aconteceram em meu processo de reabilitação.


Um pastor muito querido pela minha família, sabendo que eu não estava muito bem, veio me visitar. Ao vê-lo comecei a chorar muito, dizendo que ninguém fazia ideia do que eu estava passando, que eu estava completamente sozinha... Então ele me falou sobre o poder de Deus e de como Ele poderia me curar se quisesse. Naquele momento, chorando muito, eu disse ao pastor que não sabia se Deus existia, que havia ouvido e lido coisas demais a respeito de outras crenças, que havia trilhado um pouco o caminho do espiritualismo e esoterismo, ido a algumas palestras "new age", tido conhecimento a respeito de ovnis e tantas outras coisas. Minha cabeça já não aceitava mais explicações simples e nem a Bíblia como um livro sagrado, apenas como um livro de sabedoria.

Meu coração estava confuso. Dos 6 aos 16 anos eu realmente acreditei que existia um Deus que regia a minha vida. Mas a minha visão desse Deus, por mais que eu tivesse boa vontade, era um pouco embaçada pela minha falta de conhecimento.

Depois que eu me acalmei um pouco, o pastor tomou uma atitude ousada, que só quem tem absoluta certeza naquilo em que crê pode fazer. Ele me disse para que eu pedisse a Deus a coisa que eu mais queria naquele momento. Que se Ele quisesse, Ele me daria uma prova de sua existência, fazendo exatamente aquilo que pedi. Lembro-me que não acreditei que eu estava falando com alguém, achava que estava falando com as paredes. Mas falei. Disse a Deus que se Ele realmente existisse, que o que eu mais queria é que Ele me curasse da dependência.

Lembrando que eu estava no décimo sexto dia de um tratamento de desintoxicação que duraria no mínimo 3 meses. Naqueles anos todos eu tive muita dificuldade para dormir e quando conseguia, dormia de 2 a 5 horas por noite. Estava sempre cansada. Naquele dia eu somava exatos 4 dias sem dormir nem um pouco. Estava exausta, pálida, praticamente afundada na cama, tremendo, suando frio, sem esperanças, depressiva, chorando, zonza, esperando apenas a vida terminar. Tinha desistido de viver. Tudo aquilo era demais para mim, não queria mais lutar.

Mas eu falei com Ele. Pedi. E Ele me respondeu.


Naquela noite eu finalmente dormi. Sem dificuldade, sem insônias, sem pesadelos... simplesmente dormi. Ao acordar fui avisada pela minha mãe que eu dormi 18 horas seguidas. Meus tremores diminuíram drasticamente. Nos dias que se seguiram, minhas feridas começaram a literalmente desaparecer. Não sofreram o processo natural de cicatrização, elas foram sumindo rapidamente e não deixaram nenhuma marca em minha pele tão branca. Na semana seguinte eu consegui dormir 8 horas por dia, meus tremores haviam desaparecido, não suava mais, chorava muito pouco. Senti uma paz que há muitos anos não sentia.

Voltei ao médico que, totalmente surpreso, não acreditava naquilo que seu olhos viam. "Isso é impossível", ele repetia várias vezes. "Você fez o tratamento por muito pouco tempo, não é possível que você esteja tão bem, não houve tempo para que o seu corpo reagisse dessa forma". Fizemos alguns exames e então foi constatado que eu não tinha mais nenhuma substância em meu corpo. Nada. Nem anfetaminas, nem álcool, nem os medicamentos que estava tomando no tratamento. Foi como se alguém tivesse tirado tudo aquilo com a mão. Não foi psicológico. Foi real, extremamente e radicalmente normal.

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