segunda-feira, 27 de abril de 2015

Tempo de mudanças

Eu e meu amor morávamos há quase dez anos na mesma cidade, desde que nos casamos. Nosso amor crescia, se solidificava e se tornava cada vez mais forte. Meu querido jamais falou qualquer coisa negativa a respeito de meu corpo, ao contrário, seguia sempre me incentivando, valorizando minhas qualidades e me apoiando. Quando nosso bebê estava para completar 2 anos resolvemos nos mudar e viver uma reviravolta em nossas vidas. Fomos para uma cidade pacata do interior, num bairro com muito verde, um lago imenso, muitas árvores e sossego.

Foram anos maravilhosos onde fizemos muitos amigos, realizamos várias coisas, trabalhamos, estudamos e nosso filho pôde viver a primeira infância de uma maneira saudável, rodeado de amigos, andando de bicicleta, correndo, subindo em árvores, brincando no mato e na terra.

Porém, nestes anos eu enfrentei momentos muito complicados com a minha saúde. 


Nós morávamos no terceiro andar de um prédio sem elevador. Eu subia e descia quatro lances de escada no mínimo uma vez ao dia. No primeiro ano achei incrível, afinal eu faria exercícios todos os dias, certamente emagreceria e ficaria com as pernas bem durinhas!

Engano meu... meus joelhos começaram a doer cada vez mais. Eu sentia como que agulhas gigantescas me perfurando os joelhos na parte da frente e atrás. Com o passar do tempo eu mal saía de casa, pois enfrentar as escadas tornou-se um pesadelo. As tão sonhadas caminhadas no lago não aconteceram, pois caminhar me traziam dores terríveis nas pernas e nas costas. Meu peso oscilava, eu perdia 3 quilos, ganhava 4, perdia 5, ganhava 3...

Foi então que eu busquei a ajuda de um endocrinologista. Sabendo do meu histórico de hipoglicemia, hipotireoidismo, dependência em anfetaminas e álcool no passado, ele me explicou que o meu organismo era uma bomba-relógio. Além do meu corpo ter um dos metabolismos mais lentos que ele já viu em toda a sua história como endocrinologista, ele também tinha um problema sério: ao mesmo tempo em que necessitava de açúcar (pois hipoglicemia é excesso de insulina e falta de açúcar), todo o açúcar ingerido se transformava em gordura. Então eu não conseguia jamais suprir as necessidades do meu organismo e o ciclo vicioso continuava de uma maneira que só me trazia prejuízos. Ao mesmo tempo em que eu não podia cogitar a possibilidade de ingerir doces, eu precisava de doces.  

O fato de eu estar com obesidade mórbida me dificultava para fazer qualquer exercício, incluindo as caminhadas pelo fato da dores nos joelhos. Fizemos um exame de raio-x para verificar se não havia artrose e deu negativo. O problema provavelmente provinha de outras complicações. E também me sentia extremamente cansada, com uma exaustão inexplicável e muitas dores em todas as articulações. Após vários exames de sangue constatamos que eu estava com falta de ferro, o que explicava consideravelmente minhas dores pelo corpo.


Após alguns exames físicos incluindo eletrocardiograma, começamos um tratamento com caminhadas leves e medicamentos, entre eles a sibutramina. Ele me assegurou que com a minha idade e meu histórico eu dificilmente conseguiria eliminar alguns quilos sem ajuda medicamentosa. Em 5 meses eliminei 14 quilos. A alegria e a esperança voltaram. Já subia as escadas com mais facilidade, as dores haviam diminuído, bem como o cansaço e desânimo. Naquele momento eu acreditei que finalmente a minha vida estaria mudando nesta área.

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